quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Antologia Poética
António Ramos Rosa
Selecção, Prefácio e Bibliografia de Ana Paula Coutinho Mendes
Publicações D. Quixote, 2001






A palavra

A palavra é uma estátua submersa, um leopardo
que estremece em escuros bosques, uma anémona
sobre uma cabeleira. Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite,
cega e nua, mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada. Rápida é a boca
que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos, os cabelos ardentes
e vejo uma água límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais.

1 comentário:

R.L. disse...

quero este para o Natal.