quinta-feira, 14 de maio de 2009
Na estante de culto
Os Silos do Silêncio
Poesia (1948-2004)
Eduíno de Jesus
INCM - Biblioteca de Autores Portugueses
Maio de 2005
Os Silos do Silêncio contém as mais representativas poesias de Eduíno de Jesus, no período de 1948 a 2004.
Com Prefácio de António Manuel Couto Viana e Posfácio de Onésimo Teotónio Almeida, este livro reúne em mais de trezentas páginas meio século da produção poética de Eduíno de Jesus.
Na I Parte, as três colectâneas poéticas Caminho para o Desconhecido (1952), O Rei Lua (1955) e A Cidade Destruída durante o Eclipse (1957) e na II Parte Inéditos & Dispersos.
Metamorfose
esperei que nascesses
na praça pública
da garganta do pássaro
............que cantasse no ramo de uma árvore
............ou no ombro de uma estátua
esperei que florisses
na roseira do Parque Municipal
e o teu corpo branco
............não fosse mais
............do quem um sonho vegetal
esperei que descesses
num raio de lua
e viesses
............bailando em pontas (como uma sílfide nua)
............deitar-te na minha cama
na minha fantasia
de menino púbere
esperei que fosses uma melodia
............uma flor
............um raio de lua
esperei por ti todos os minutos
do dia e da noite com
os nervos a alma ansiosa
............afagando-te nas pétalas das rosas
............ou mordendo-te na polpa dos frutos
Com as mãos
Com as mãos
construo
a saudade do teu corpo,
onde havia
uma porta,
um jardim suspenso,
um rio,
um cavalo espantado à desfilada.
Com as mãos
descrevo o limiar,
os aromas subtis,
os largos estuários,
as crinas ardentes
fustigando-me o rosto,
a vertigem do apelo nocturno,
o susto.
Com as mãos procuro
(ainda) colher o tempo
de cada movimento do teu corpo
em seu voo.
E por fim destruo
todos os vestígios (com as mãos):
Brusca-
mente.
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1 comentário:
Lê-se de um fôlego e torna-se a ler...
Grata pela partilha e, ainda mais, pelo serviço público que esta página presta a TODOS.
Um abraço ;)
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