sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Novidades Quasi

À Sombra da Memória
Eugénio de Andrade
Biblioteca: Obra de Eugénio de Andrade
Edição: Dezembro 2008
Páginas: 157








“Sou um homem com vocação para escutar. Vocação e paciência: fixa, imóvel, atenta ao rumor da luz, do coração batendo, ou simplesmente das palavras, quando se juntam para acasalar. Rumores que atravessam a nossa vida, se perdem na memória, regressam com as cabras, o focinho húmido dos primeiros orvalhos. Alguns desses rumores andam connosco desde menino, acabam perdidos num olhar, morrem à míngua de música. Rumores do azul fremente da sombra, dos cães ladrando no adro; rumor da chuva, os pingos grossos pressentindo a agonia das cigarras e do verão sobre as oliveiras; rumor do sol entrando pelo quarto, gatinhando até à cama.”

Eugénio de Andrade nasceu na Póvoa de Atalaia (Beira Baixa) a 19 de Janeiro de1923 e faleceu no Porto a 13 de Junho de 2005. Fez estudos primários e secundários em Castelo Branco, Lisboa e Coimbra, mas deixou os estudos oficiais em 1947. Começou a trabalhar nos Serviços Médico-Sociais do Ministério da Saúde, emprego que em 1950 o obrigou a fixar-se no Porto e de que se aposentou em 1983. Fez a sua estreia literária em 1939, quando publicou em plaqueta o poema “Narciso”, assinado com o seu nome de baptismo, José Fontinhas, que em 1942 deu lugar ao pseudónimo do seu primeiro livro, Adolescente, por sinal mais tarde renegado, como o segundo, Pureza, de 1945.
Até 2002, quando a doença o impediu de continuar a escrever, publicaria três livros de prosa, dois livros para crianças, várias antologias e livros de poemas, hoje reunidos no volume Poesia (2ªed. 2005).
O autor, muito premiado em vida, está traduzido com sucesso em vários países e já é nome de ruas, escolas, bibliotecas, sendo considerado um dos mais altos poetas do século XX.


Perdidamente
Correspondência amorosa 1920-1925
Florbela Espanca
Biblioteca: Primeiras Pessoas
Edição: Janeiro 2009
Páginas: 352







“Se conhecemos de sobra os sonetos de amor de Florbela Espanca, pelos de sinuosas gamas transbordantes de fecundas comoções que nos arrebatam, em contrapartida, apenas agora, mercê desta epistolografia, nos é permitido penetrar na privacidade afectiva daquela que os produz. Não por ser esta a sua primeira correspondência amorosa divulgada, coisa que de facto é (…) mas porque, nestas cartas e bilhetes a António Guimarães (aquele que viria a ser o seu segundo marido), Florbela fala (e este é o fundamento!) desde um lugar ignorado, que não aquele do seu diário, dos seus contos ou poemas, mesmo os mais sensivelmente amorosos. Nesta epistologia, Florbela, em estado de amante, escreve a partir da zona de silêncio, indevassável e solitária, que compartilha apenas com o seu cúmplice… e reside, já nisso, o nosso grave pecado de leitores desta correspondência…”
Maria Lúcia Dal Farra

Florbela Espanca (Vila Viçosa, 1894 - Matosinhos, 1930)
É uma das figuras maiores da literatura portuguesa do século XX. Teve uma vida breve e tumultuosa, que marcou fortemente a sua obra literária, de tom confessional e sentimental, caracterizada por temas como a paixão humana, a melancolia, o sofrimento, a solidão, o erotismo e a natureza. Da sua obra, destaque para os livros de poesia o Livro de Mágoas (1919), o Livro de Sóror Saudade (1923) e, sobretudo, Charneca em Flor (editado postumamente em 1931). Florbela Espanca escreveu ainda extraordinários textos em prosa, tendo as Quasi publicado uma antologia de contos seleccionados e organizados por José Luís Peixoto (Charneca ao Entardecer).



Algumas das Palavras
Poesia reunida 1956-2008
Fernando Guimarães
Biblioteca: Finita Melancolia
Edição: Dezembro 2008
Páginas: 371







“Que Limites existem para a Luz? Veio alguém acender esta candeia. À nossa volta, uma pequena chama principia a erguer-se, mas em vão é que ela se conserva perto de nós, quando abrimos devagar as leves páginas cujo sentido se ignora e as fechamos depois sem esperança, como se fosse este o seu destino no interior da noite. Estamos ali adormecidos e havemos de encontrar uma outra luz, maior, que as permita ler.”

Fernando Guimarães nasceu no Porto em 1928.
A sua poesia, publicada em livro a partir de 1956, encontra-se reunida neste volume. Trata-se de uma edição que foi integralmente revista pelo autor. Contém o livro inédito Paixão e Geometria.
Fernando Guimarães é também autor de obras de ensaio, ficção e teatro.



Pequena Enciclopédia da Noite
Poemas escolhidos
Carlos Nejar
Biblioteca: Arranjos para Assobio
Edição: Janeiro 2009
Páginas: 108







Cântico
Limarás tua esperança
Até que a mó se desgaste;
Mesmo sem mó, limarás
Contra a sorte e o desespero.
Até que tudo te seja
Mais doloroso e profundo.
Limarás sem mãos ou braços,
Com o coração resoluto.
Conhecerás a esperança,
Após a morte de tudo.

Carlos Nejar, considerado “o poeta do pampa brasileiro” para uns, e para outros, como Jacinto do Prado Coelho, “o poeta da condição humana”. Também é ficcionista e ensaísta. Nasceu em Porto Alegre, onde viveu parte da sua vida, trabalhando como promotor de justiça pelo interior do pampa. Procurador de justiça aposentado, está radicado no seu “Paiol da Aurora”, diante do mar de Santa Mônica, Guarapari. Pertence à Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira nº4, ao Pen Clube do Brasil e à Academia Brasileira de Filosofia. Traduzido para várias línguas, com livros sobre a sua obra, é estudado nas universidades do Brasil e do Estrangeiro.


A Poesia Contemporânea Portuguesa
Do final dos anos 50 ao ano 2000
Fernando Guimarães
Biblioteca: Espaço do Invisível
Edição: 3ª edição, revista e aumentada
Páginas: 144







Apresenta-se aqui uma visão geral da poesia na segunda metade do século XX. Esta poesia é atravessada por alguns movimentos que vêm de um tempo anterior ou que com ela coincidem: Neo-Realismo, Surrealismo, Poesia Experimental ou, recentemente, o Pós-Modernismo. À margem destes movimentos, vários poetas mais ou menos isolados se afirmaram, fazendo com que este período se revele como um dos mais importantes da nossa poesia.


Fernando Guimarães tem publicado, desde 1956, vários livros de poesia e ensaio. Alargou também a sua actividade à ficção e ao teatro. Os seus livros de ensaio referem-se à poesia portuguesa desde o século XIX à actualidade e a questões relacionadas com a estética e a filosofia da arte. Trabalhou como investigador no Centro de Literatura da Universidade do Porto e, presentemente, no Centro de Estudos do Pensamento Português da Universidade Católica Portuguesa. Em 2006 foi-lhe atribuído pela Universidade de Évora o Prémio de Ensaio Vergílio Ferreira, tendo em vista o conjunto da sua obra ensaística.

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