DUPLO ESPLENDOR
Gonçalo Salvado
«[...] Uma muito particular mística se anuncia neste livro e na poética de Gonçalo Salvado. A mulher, sol e fruto de uma sombra que desenha a doçura, a consciência desperta ante o sortilégio de um amor sempre sonhado. O amor, como a poesia, embriaga e desperta, conduz o viajante entre palpáveis e férteis segredos. As palavras têm som e perfume, cor e música, asas e estrelas e esse dom, essa oferenda de uma natureza íntima é o dom do corpo, um corpo amado e que ama em correspondências que anunciam a nupcial, inicial, aliança do humano e do Cosmos, do Cosmos e do divino. [...]» (do prefácio)
POETAS DO ATLÂNTICO
Maria Irene Ramalho
Esta obra encerra três objectivos principais. Em primeiro lugar, reler a poesia de Pessoa à luz da tradição anglo-
-americana, com a qual tem tantas afinidades, e, a partir daí, ressituá-la no lugar que lhe cabe no contexto mais vasto do modernismo ocidental. Em segundo lugar, repensar as implicações ideológicas da poesia lírica através, justamente, do confronto de Pessoa com o modernismo anglo-americano. A este respeito, a relação de Pessoa com Whitman reveste-se de grande importância. O modo como Pessoa lê Whitman ajuda-nos a entender melhor a relação dos modernistas americanos com o «poeta da democracia americana». Por sua vez, o seu modo de ler a «nação» elucida-nos sobre o modo como os poetas americanos lêem «América». Por último, este livro destaca uma série de conceitos pessoanos, sugerindo que eles oferecem uma boa estratégia para fazer falar a dificuldade de falar sobre poesia. Por conceitos pessoanos, a autora entende tanto conceitos realmente usados por Pessoa, como conceitos que a leitura de Pessoa a autoriza a atribuir-lhe. Por exemplo: o Atlantismo e a Interrupção, que informam respectivamente o terceiro e o sétimo capítulos, são conceitos como tal formulados por Pessoa. O mesmo acontece com o Desassossego, que na conclusão ajuda a avaliar o contributo de Pessoa para o nosso entendimento da lírica moderna. Por sua vez, a Arrogância e a Intersexualidade, que dão forma ao quarto e quinto capítulos, são conceitos que se deduzem da leitura de Pessoa, com o mesmo objectivo em mente: compreender melhor a lírica moderna através da sua poesia. Maria Irene Ramalho é licenciada pela Universidade de Coimbra e doutorada pela Universidade de Yale. É professora de Estudos Ingleses e Americanos da Universidade de Coimbra e International Affiliate do Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Wisconsin-Madison.
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