Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Numa casa de Hanói ontem bombardeada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Tem no ano dois mil a idade de Cristo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
E anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
Para nos vir pedir contas do nosso tempo
David Mourão-Ferreira
Interpretado pela Andante:
Voz: Cristina Paiva; Música: Penguin Cafe Orchestra; Sonoplastia Fernando Ladeira
3 comentários:
um feliz natal, Inês! e muita poesia para 2009!
um grande abraço!
Parabéns Cristina. Estás particularmente perfeita na interpretação deste poema.
lp
Um grande senhor da poesia. Enorme força tem este poema.
Tenho apenas há horas os números 166 e 167 da Colóquio Letras, oferecidos como presente de Natal. Nada menos que os roteiros dos programas de televisão da autoria do poeta.
Muitos quilos de poesia e de sabedoria.
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