sábado, 31 de maio de 2008

Sou o poeta do Corpo

Sou o poeta do Corpo e sou o poeta da Alma,
As aventuras do Céu estão em mim e as penas do Inferno estão em mim,
As primeiras enxerto e reforço em mim mesmo, as últimas traduzo para uma nova língua.

Sou o poeta da mulher e do homem.
E digo que é tão grande ser mulher como ser homem.
E digo que não há nada maior que a mãe dos homens.

Canto o canto do crescimento ou do orgulho,
Já baixámos bastante a cabeça, já implorámos,
Provo que a medida é apenas desenvolvimento.

Já excedeste o resto? És o Presidente?
É uma ninharia, eles excederão isso e muito mais.
Eu sou o que caminha entre a crescente e terna noite,
Convoco a terra e o mar meio abraçado pela noite.

Aperta-me, noite, no teu peito nu — aperta-me, noite magnética e abundante!
Noite silenciosa e sonolenta — louca e nua noite de Verão!

Sorri, oh voluptuosa terra fresca!
Terra das árvores adormecidas e cintilantes!
Terra do sol-posto — terra das montanhas cobertas de névoa!
Terra do fluir vítreo da lua cheia e azul!
Terra de luz e sombra derramadas sobre a maré do rio!
Terra de límpidas nuvens pálidas resplandecendo para mim!
Terra de braços arrebatados ao longe - rica terra de macieiras em flor!
Sorri, que aí vem o teu amante.

Pródiga, deste-me amor — e assim te dou amor!
Oh, indizível e apaixonado amor.

Walt Whitman
(tradução de José Agostinho Baptista)

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