O poeta evita acordes radiosos.
Sopra por tubas, chicoteia o tambor estridentemente.
Subleva o povo com frases estilhaçadas.
Eu aprendo. Preparo-me. Exercito-me.
Como trabalho? – ah!, o mais apaixonadamente! –
Ao encontro de uma visão ainda sem contornos –:
Vou aplanando rugas.
E gravo aí, da forma mais exacta,
O novo mundo
(– mundo que destrua o antigo, o místico, o mundo da dor –)
E visualizo uma paisagem: soalheira, extremamente organizada,
l a p i d a d a,
Uma ilha de humanidade feliz.
Isso exige muito (mas não é nada que ele não saiba já há muito).
Oh, trindade da obra criada: Vivência. Formulação, Acção.
Eu aprendo. Preparo-me. Exercito-me.
…em breve os vagalhões das minhas frases darão forma a uma insólita figura.
Discursos. Manifestos. Parlamento. O romance experimental.
Entoar cânticos do alto de tribunas.
Vamos pregar o novo, o sagrado
Estado; injectar no sangue dos povos sangue do seu sangue.
Vamos construí-lo até ao fim
Chega a hora do Paraíso.
– Espalhemos a atmosfera de tempestade! –
Aprendei! Preparai-vos! Exercitai-vos!
Johannes R. Becher
(tradução de João Barrento)
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