terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Poesia à Cappella no Porto

Com a presença dos poetas João Ribeiro, Rui Amaral Mendes e José Rui Teixeira.
Conversa cruzada e leitura de poemas dos seus mais recentes livros.
Sessão de autógrafos.

25 de Janeiro - 22 horas
Capela de Fradelos (Rua Guedes de Azevedo, 50 - Porto)

Mais informações sobre estes autores, aqui.

1 comentário:

linfoma_a-escrota disse...

É impossível não deixá-la passar primeiro,
imaginar tais olhos misteriosos deitados na manta
que minha bisavó deteriorada coseu antes de me ver,
ouvi-la com o som dos transportes públicos matinais
a elogiar o polegar-indicador suave no seu sinal
facial, ramelas ocultam tanto aos suspiros simples
rasgados num sexto de segundo quando viro a nuca
e humedeço os lábios por tuas ancas de ganga,
parece que a terra abriria rios de veias subterrâneas
para deter essa explicação que vai e vem e tudo contém,
as marcas só confundem pele depilada com cremes
que apenas querem ser esborratados em qualquer recanto,
lá vai ela, agora lá ao fundo, talvez desconfiada que a pressiga
durante muito mais tempo, direi que sou pintor italiano
e descobri, nesta rua inclinada, o enclave mais digno de
convidar para jantar comigo coração de javali agri-doce,
hoje, na residência dos meus pais que muito te interrogarão
sobre métodos contraproducentes que utilizas preferencialMENTE,
no fundo sou seu filho d’orfanato, precisam de se acautelar,
sabe-se lá o que a donzela divorciada poderá estar a
magicar de perverso contra a inocência insensível
da minha taradice punhestatária sem parâmetros,
foi vestida de negro e cintila por dentro, o globo oscila
todo torto, as estações já não são o que eram, mal espera
é desejada por homens e mulheres dada a sorte biológica
de que foi alvo mas, não lhe serve de nada, pensa
rabiscos motivos comentários espirituosos, fala consigo
para expressar o olho fútil que a possuíu na noite passada,
grande garanhão, agora fazia falta para amolecer a tontura
d’insegurança d’entrar num café de cadáveres, concede-se
à mercê da voracidade dicotómica das heranças do humor,
fundamental é captar e aprender a enchê-lo de ar,
como vagão de nitroglicerina num deserto invadido,
é maltratada na caminhada dos destinos do não-dito
controlado pelo tempo ter passado e a criança ter
adormecido e, certa manhã, já cá não está esta noite,
esfuí-me com ela, a tarde passou-se abraçado à tesão,
mas seu semblante encolhido mesmo com herpes,
lacerações leprosas, verrugas lunares, nariz na piscina,
camisola esburacada, avisos na testa ao bolor do pudor,
singles e coreografia inglesa decorada, solos de escalas,
menos uma perna deixada na 2ª Guerra Mundial,
sinceramente, pouco importaria quando quero um corpo
porque cobarde é escrever galerias antes, acontece,
qualquer apresentação singra ao acaso que nada define
e erradica toda uma sensível manequim mística, quente,
desenhada por amadores, talvez o suposto seja
nunca rectificar ritos nem ajuízar valores, deixar só
o rapazinho trombone da pré-primária apalpar pela
trigésima sexta vez a licra física, à sombra do trampolin.



in TREPIDAÇÃO/TREPANAÇÃO
2004




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