quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Os vossos poemas

O último desafio que vos lancei foi para que me enviassem os vossos poemas de esperança.
Conforme prometido, aqui estão todos os que me chegaram até hoje e, no final, o poema que foi escolhido para ser gravado em áudio pelo locutor Luís Gaspar.
Obrigada pela participação e... até ao próximo desafio!


Bendita seja

Sonhar desmedido,
por vezes, descontente.
Cheia de luas, sempre!
E marços que adivinha,
qual andorinha de regresso
ao canto da casa,
ao embalo que a mão dá,
ao barro e à palha
do conforto do beiral.


Tanta ternura de graça,
mil sóis de mistério,
mais a alma que ressuscita,
fora de páscoas e abris
que foram de muitos.
Até os ventos de Constança
- a sugerirem cheias do tejo -
se acalmam,
para darem lugar a reflexos
de freixos na água
e musgos e fragmentos,
mesmo que rochedos sejam.

Entre caminhos de areia
e silêncios da neve,
no cume das ânsias
e do desespero contido,
mil vezes reclama, por dentro,
raízes e hastes.
Depois de flor dar,
vale a pena vê-la.

Cresce sempre para o céu,
tal como o trigo
que alimenta a vida
e a música azul
a compassos certos.
Por vezes disfarça-se.
Encolhe-se,
como que a pedir
desculpa de existir,
amendrontada
pelo perigo que é
a possibilidade
de desaparecer.

Mas, quando o dia volta
e ainda viva se encontra,
veste-se da surpresa
e entra na festa
da humildade simples.
No florir das amendoeiras
encontra repouso,
janeiros de perdição,
maios de cerejas,
outubros castanhos,
maravilhas despejadas
no laranjal de agosto.

Bendita seja
a mãe-esperança.


Joaquim Alves


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Na violência da tempestade há olhos que brilham
Na fúria das fugas desenfreadas há olhos que brilham
Na noite profunda dum caminhar desespero insinua-se uma luz
Reflexo de estrelas e olhos que brilham

E quando o olhar acolhe e é humanidade
As águas revoltas ou vendavais sem fim
As guerras de raiva ou as bombas sem sentido
Esvaiem-se submissas num qualquer esboço de poema.

Mesmo em todas as coisas que ferem e fazem doer
Há uma alma que se liberta e se deixa abraçar
Quem a olha a persegue e a tenta amar
Encontra o mundo dos que nunca perdem a esperança.


J. Caldas


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Sempre

Sempre que nasce uma criança,
É festa no coração da humanidade,
Porque a esperança nela cresce.

Sempre que acontece a morte,
Chora a alma da terra,
Porque alguém nela sofre.

Sempre que quiseres,
Eu dou-te uma palavra,
Para que ela te deseje boa sorte.

Sempre que nasce um poema,
Os anjos abrem as portas do céu,
Para poderem aplaudir a arte.

Sempre que puderes,
Não te esqueças de amar a vida,
Porque ela te agradece!


Beatriz Barroso


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As palavras no tempo e no modo de viver a esperança

Há um tempo,
Há um modo,
De ser humano.
Há uma miríade,
Uma panóplia,
De podermos ser,
Diz-se a vida de tantas formas,
Que eu fico sem saber,
Qual o princípio que a enforma.
O que nos vai acontecer.
Mas há uma razão sempre de ser,
Enquanto houver esperança,
De haver vida neste Mundo,
E a espécie humana que somos,
Lutar por sobreviver....

Beatriz Barroso


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Neste céu aberto,
Chamado vida,
Brilha uma estrela,
Chamada alegria,
Que nos pisca os olhos,
Lá de cima,
Para poder animar,
Nosso dia a dia.

Neste céu aberto,
Chamado vida,
Há uma miríade de estrelas,
Que gravitam no horizonte,
Uma há chamada de esperança,
Que ensina a viver com sabedoria.

Tolo é o coração que não souber,
Aproveitar a energia que ela nos concede.

Beatriz Barroso


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Tu és especial

Olha o teu rosto amiga,
Não penses naquilo que te polui,
Sem pressa, com honestidade,
Abandona-te à esperança,
Sorri à vida, com confiança,
Lembra o que há de bom,
O poder de estar vivo.
Tu, és uma pessoa especial,
Capaz de receber, com gratidão,
O sorriso daquela face,
Que no espelho que é o Mundo,
Sorri também para ti.

Beatriz Barroso


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Inspiração

Respira,
O ar que te polui,
Não te consintas.
Aprende a respirar,
O amor,
A alegria,
A caridade,
Rega dia a dia o teu coração com litros de esperança,
Não deixes que tuas raízes se atrofiem,
Apenas porque a tua copa já flora.
Cumpre o ritmo da vida,
É hora de deixares entrar outras expressões de verdade,
Repara como é simples: inspirar, expirar.
Deixa entrar, deixa sair,
Também eu, aprendi um dia,
Que respirar é uma das mais belas lições de vida.
Descobrirás como é fácil ser feliz.

Beatriz Barroso


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Esperança

No âmago de teu ventre,
Eu cresci,
Com um grito de amor,
Eu nasci,
Com o teu exemplo,
Eu aprendi,
Mãe, a balbuciar contigo a palavra esperança,
Que me deu um novo sabor à vida.

Beatriz Barroso


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Esperança

Vivo,
Ao saber aconchegar os dias,
Com o calor que me sai do coração,
Ouso,
Ao fazer poesia,
Com as palavras soluçadas,
Por uma dor só minha,
Que aprendi a transformar em amor.
Cresço,
Porque tenho sabido superar minha carência,
Ao colorir a minha infância,
Com o sonho de ter um castelo,
Para brincar e ser rainha,
Criando um herói para me defender.
Visto,
A pele de mulher–criança,
Enquanto a vida o quiser.
Rasgo,
Novas fronteiras,
Novos horizontes,
Abrindo os meus olhos ao mundo,
Enquanto eles me permitirem fazer.
Alicerço,
Meu quotidiano com coragem,
Venço a minha iniquidade,
Porque trago na mão,
Bem firme,
A bandeira da esperança,
Que me norteia e me incentiva a viver.

Beatriz Barroso


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E agora, o poema que escolhi para ouvirmos em voz alta:



Quero enfrentar a minha iniquidade
A minha elegia
A minha preguiça
Os meus desatinos
A minha fragilidade
A minha cobardia

Quero ser pessoa inteira,
Viver com confiança
Enfrentar com ousadia os meus medos

Quero ser feliz,
Viver abraçada pela esperança,
Mesmo que de minha alma prisioneira!


Beatriz Barroso
Na voz de Luís Gaspar:



Mais uma vez, obrigada a todos pela participação e obrigada ao Luís Gaspar que gentilmente acedeu em gravar este poema.

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