Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões, nasceu em Lisboa no dia 19 de Dezembro de 1924.
Em 1948, juntamente com Mário Cesariny, António Pedro, Vespeiro e José Augusto França, O'Neill lançou-se na aventura do surrealismo, um movimento que surgiu como provocação ao regime político vigente, e à poesia neo-realista. Mas em 1950 decidiu-se pelo abandono polémico do Movimento Surrealista, expressando desta forma o seu desagrado pelo rumo em que o surrealismo mergulhara. Contudo, a sua poesia conservou traços surrealistas.
O'Neill, à semelhança de muitos artistas portugueses não pôde viver da sua arte. Afirmava "viver de versos e sobreviver da publicidade" e foi de facto a publicidade o modo que O'Neill encontrou para ganhar o sustento. Numa área que requer destreza e à-vontade com as palavras, O'Neill sentia-se como peixe na água. Porém, não criou nenhum vínculo afectivo com esta profissão. Criou algumas frases publicitárias que ficaram na memória, como por exemplo "Boch é Bom" ou um outro slogan, que é já provérbio, "Há mar e mar, há ir e voltar". A publicidade deu-lhe o conforto económico de que necessitava, mas sempre que se enfastiava mudava de agência publicitária.
No seu vasto currículo constam diversas colaborações para jornais, revistas e televisão.
Em 1953 foi preso pela PIDE durante 40 dias.
A pátria era o seu tema mais constante, e o gosto pelo jogo de palavras e pelo brincar a sério com a língua portuguesa foi uma das marcas constantes da sua poesia. Talvez por isso tenha sido pouco compreendido em vida, pagando o preço por se ter recusado a seguir qualquer poesia da moda.
Publicou dois livros em prosa narrativa, As Andorinhas não Têm Restaurante e Uma Coisa em Forma de Assim, e as Antologias Poéticas de Gomes Leal e de Teixeira de Pascoaes (em colaboração com F. Cunha Leão), de Carl Sandburg e João Cabral de Melo Neto. Gravou o disco «Alexandre O'Neill Diz Poemas de Sua Autoria». Em 1966, em Itália, foram publicados poemas de O’Neill como título Portogallo mio rimorso. Recebeu em 1982 o Prémio da Associação de Críticos Literários.
Faleceu em 1986, de doença cardíaca.
Obra:
Poesia:
A Ampola Miraculosa (Poema Gráfico) – Cadernos Surrealistas, Lisboa, 1948
Tempo de Fantasmas – Cadernos de Poesia, Lisboa, 1951
No Reino da Dinamarca – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1958
Abandono Vigiado – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1960
Poemas com Endereço – Círculo de Poesia, Livraria Moraes Editora, Lisboa 1962
Feira Cabisbaixa – Poesia e Ensaio, Ulisseia, Lisboa, 1965; 2ª edição, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979
Portugallo Mio Rimorso – Col. di Poesia, Einaudi, Torino, 1966
No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1965) – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1969
De Ombro na Ombreira –Cadernos de Poesia, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Abril, 1969; 2ª edição, Cadernos de Poesia, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Setembro, 1969
Entre a Cortina e a Vidraça –Auditorium, Estúdios Cor, Lisboa, 1972
No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1969) – "Poesia e Verdade", Guimarães Editores, Lisboa, 1974
Made in Portugal – Quaderni della Fenice, nº 29, Guanda, Milão, 1978
A Saca de Orelhas – Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979
Poesias Completas, 1951-1981 –Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1982
Poesias Completas, 1951-1983 – 2ª ed. rev. aum. Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1984
O Princípio da Utopia, o Princípio da Realidade seguidos de Ana Brites, Balada Tão Ao Gosto Português & Vários Outros Poemas, 1986 – Círculo da Poesia, Moraes Editora, Lisboa, 1986
Poesias Completas, 1951-1986 – 3ª ed. rev. aum. Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1990
Poesias Completas, 1951-1986 – Assírio & Alvim, Lisboa, 2000
Prosa:
As Andorinhas não têm Restaurante (crónicas) – Cadernos de Literatura, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1970
Uma Coisa em Forma de Assim (crónicas) – Edic, Lisboa, 1980; Editorial Presença, Lisboa, 1985
Discos:
Alexandre O' Neill diz poemas da sua autoria – A Voz e o Texto, Discos Decca
Os Bichos também são gente (Poemas dedicados aos bichos e ditos pelo autor) – A Voz e o Texto, Discos Decca
1 comentário:
obrigado, Inês.
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