Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa no dia 19 de Maio de 1890.
Iniciou-se na poesia com doze anos. Aos quinze já traduzia Victor Hugo, e aos dezasseis, Goethe e Schiller.
Viveu a maior parte da sua vida em Paris, onde estudou Direito e onde escreveu a maior parte da sua obra. Paris sempre foi para Mário de Sá-Carneiro uma cidade de fascínio e foi nela que descobriu o cubismo e o futurismo, tal como Fernando Pessoa, seu grande amigo.
Foi com Fernando Pessoa, Luís de Montalvor, Armando Côrtes Rodrigues, Alfredo Guisado e outros, que fundou a revista Orpheu, vindo esta a ter um papel fundamental na renovação da literatura portuguesa do século XX.
Mário de Sá-Carneiro é um dos poetas mais significativos do modernismo em Portugal. A sua obra reflecte um modo de estar e de sentir repercutido numa insatisfação constante. A sua busca, a sua procura, radica num desejo estético pela sublimação do eu.
Inadaptado socialmente e psicologicamente instável, foi neste ambiente que compôs grande parte da sua obra poética e a correspondência com o seu confidente Fernando Pessoa, escrevendo-lhe cartas de uma crescente angústia, das quais ressalta não apenas a imagem lancinante de um homem perdido no seu próprio labirinto, mas também a evolução e maturidade do seu processo de escrita.
Em 1912, escreveu a sua primeira peça, Amizade, em parceira com Tomás Cabreira Júnior. Nesse mesmo ano, publicou uma colectânea de novelas, Princípio. Em 1913 A Confissão de Lúcio, e em 1915, as doze novelas Céu em Fogo.
A primeira obra de poesia foi Dispersão (1913), com doze poemas; escreveu também os Indícios de Oiro, publicados postumamente em 1937 pela Revista Presença. Foram objecto de nova edição em 1946, em conjunto com vários outros poemas avulsos, entre os quais os publicados no Orpheu.
A sua correspondência com outros membros do Orpheu foi também reunida em volumes póstumos: Cartas a Fernando Pessoa (2 vols., 1958-1959), Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Luís de Montalvor, Cândia Ramos, Alfredo Guisado e José Pacheco (1977), Correspondência Inédita de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa (1980).
De Sá-Carneiro existe ainda o extraordinário livro Loucura, e uma tradução da peça Les Fossiles, de François de Curel, em parceria com António Ponce de Leão.
Mário de Sá-Carneiro não soube adaptar-se à vida e foi a impossibilidade de equilíbrio emocional que o conduziu ao suicídio. Perante o fracasso do homem, o artista floresceu em beleza e frutificou. A sua obra, aquilo que realmente ele chegou a possuir, ficou e ainda vive. Suicidou-se num quarto de hotel do bairro de Montmartre em Paris, em 1916, com cinco frascos de estricnina.
"Sá-Carneiro não teve biografia: teve só génio. O que disse foi o que viveu."
Fernando Pessoa
1 comentário:
"Sá-Carneiro não teve biografia: teve só génio. O que disse foi o que viveu."
Fernando Pessoa
O que se possa acrescentar a esta lapidar frase é danificá-la irreparavelmente.
Todos nós podemos ter uma biografia.
Mas génio só a natureza nos oferece quando entende.
É tão rara a sua benquerença!
Luís Pinto
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