sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Vasco Graça Moura distinguido em França








O poeta e tradutor Vasco Graça Moura foi distinguido no passado dia 19 de Fevereiro com o prémio francês de poesia Max Jacob pela obra «Uma Carta no Inverno», de 1997.
O livro, que acaba de ser lançado em francês pela editora La Différence, com tradução de Joaquim Vital, distinguiu Vasco Graça Moura na área da literatura estrangeira.
Esta editora, que já editou vários autores portugueses, atribuiu este mesmo prémio a Sophia de Mello Breyner Andresen em 2001.
O prémio Max Jacob será entregue a Vasco Graça Moura no próximo dia 8 de Março, em Paris.
Este é o segundo prémio que Vasco Graça Moura recebe no espaço de duas semanas. No passado dia 7 de Fevereiro foi galardoado pela Universidade de Évora com o Prémio Vergílio Ferreira 2007.

Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Vasco Graça Moura publicou a primeira obra, «Modo Mudando», em 1963, ao qual se seguiram várias obras de poesia, ensaio e ficção.

Prémio literários recebidos por Vasco Graça Moura:
• Prémio Pessoa, 1995.
• Grande prémio de poesia da Associação Portuguesa de Escritores, 1998.
• Prémio Jacinto do Prado Coelho (ensaio), da Associação Internacional dos Críticos Literários.
• Prémio de ensaio da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.
• Prémio Gulbenkian de tradução da Academia das Ciências de Lisboa (ex-aequo).
• Grande prémio de tradução do PEN Clube Português, 1996.
• Prémio de Poesia do PEN Clube Português.
• Prémios literários das Câmaras Municipais do Porto e de Lisboa.
• Medalha de ouro do Comune de Firenze.
• Premio Internazionale la Cultura del Mare, San Felice Circeo, 2002.
• Distinção nos 30 anos do 25 de Abril, na área da literatura, Árvore – Cooperativa de Actividades Artísticas, 2004.
• Coroa de ouro do Festival de Struga (Macedónia), 2004.
• Prémio Internazionale Diego Valleri, Monselice, 2004, atribuído à sua tradução das Rimas de Petrarca.
• Grande Prémio de Romance e Novela da APE, 2004.
• Prémio de tradução Paulo Quintela, da Faculdade de Letras de Coimbra, atribuído à sua tradução das Rimas de Petrarca, 2006.

A Editora Bertrand prepara-se para editar brevemente uma antologia com a sua poesia escrita entre 1963 e 1995.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não acho nada surpreendente. Cabe-me apenas endereçar os parabéns por mais um prémio. Já estou habituado ao reconhecimento do enorme talento do Vasco Graça Moura e dos bons serviços que tem prestado à Literatura.

Anónimo disse...

Inês
Nada a opor quanto ao facto de Graça Moura ser um óptimo, excelente tradutor (recriando as obras que traduz), de também já ter feito muito pela literatura deste país e até ter poesia em alguns dos seus poemas...mas nunca me esqueço do postal que o pintor Mário Alberto escreveu a Luiz Pacheco no Natal de 95 (in IVAngelho II de Mário Alberto) e com o qual concordo:
“Mano! Querido Mano!
Isto vai de mal a pior.
É uma porra. O Graça Moura que descobriu as descobertas agora é prémio Camões!!! Vê lá tu querido mano ao que isto chegou.
O G. Moura rima:
BATATA com BOLIQUEIME
PEPINO COM ANÍBAL
LIMÃO com LARANJA.
Já lhe chamamos o POETA LARANJADA.
Se o Cavaco ganhar as eleições presidenciais (Lagarto, lagarto) ele será por obra e Graça Vice-Presidente da República. Ai não!!!!
Viva Portugal,
Abraços querido mano teu amigo
Mário Alberto”
Com mais este prémio, pouco falta para a Vice-Presidência, não por obra e Graça mas por prémios e Graça!!!!

Anónimo disse...

”A escola que temos não exige a muitos jovens qualquer aproveitamento útil ou qualquer respeito da disciplina. Passa o tempo a pôr-lhes pó de talco e a mudar-lhes as fraldas até aos 17 anos. Entretanto mostra-lhes com toda a solicitude que eles não precisam de aprender nada, enquanto a televisão e outros entretenimentos tratam de submetê-los a um processo contínuo de imbecilização. Se, na adolescência, se habituam a drogar-se, a roubar, a agredir ou a cometer outros crimes, o sistema trata-os com a benignidade que a brandura dos nossos costumes considera adequadas à sua idade e lava-lhes ternurentamente o rabinho com água de colónia. Ficam cientes de que podem fazer tudo o que lhes der na real gana na mais gloriosa das impunidades. Não são enquadrados por autoridade de nenhuma espécie na família, nem na escola, nem na sociedade, e assim atingem a maioridade. Deixou de haver serviço militar obrigatório, o que também concorre para que cheguem à idade adulta sem qualquer espécie de aprendizagem disciplinada ou de noção cívica. Vão para a universidade mal sabendo ler e escrever e muitas vezes sem sequer conhecerem as quatro operações. Saem dela sem proveito palpável. Entretanto, habituam-se a passar a noite em discotecas e noutros proficientes locais de aquisição interdisciplinar do conhecimento, até às cinco ou seis da manhã. Como não aprenderam nada digno desse nome e não têm referências identitárias, nem capacidade de elaboração intelectual, nem competência profissional, a sua contribuição visível para o progresso do país consiste no suculento gáudio de colocarem Portugal no fim de todas as tabelas. Capricham em mostrar que o "bom selvagem" afinal existe e é português. A sua capacidade mais desenvolvida orienta-se para coisas como o /Rock in Rio/ ou o futebol. Estas são as modalidades de participação colectiva ao seu alcance e não requerem grande esforço (do qual, aliás, estão dispensados com proficiência desde a instrução primária). Contam com o extremoso apoio dos pais, absolutamente incapazes de se co-responsabilizarem por uma educação decente, mas sempre prontos a gritar aqui-d'el-rei! contra a escola, o Estado, as empresas, o gato do vizinho, seja o que for, em nome dos intangíveis rebentos. Mas o futuro é risonho e é por tudo o que antecede que podemos compreender o insubstituível papel de duas figuras como José Mourinho e Luiz Felipe Scolari. Mourinho tem uma imagem de autoridade friamente exercida, de disciplina, de rigor, de exigência, de experiência, de racionalidade, de sentido do risco. Este conjunto de atributos faz ganhar jogos de futebol e forma um bloco duro e cristalino a enredomar a figura do treinador do Chelsea e o seu perfil de /condottiere/ implacável, rápido e vitorioso. Aos portugueses não interessa a dureza do seu trabalho, mas o facto de "ser uma máquina" capaz de apostar e ganhar, como se jogasse à roleta russa. Scolari tem uma imagem de autoridade, mas temperada pela emoção, de eficácia, mas temperada pelo nacional-porreirismo, de experiência, mas temperada pela capacidade de improviso, de exigência, mas temperada pela compreensão afável, de sentido do risco, mas temperado por um realismo muito terra-a-terra. É uma espécie de tio, de parente próximo que veio do Brasil e nos trata bem nas suas rábulas familiares, embora saiba o que quer nos seus objectivos profissionais. Ora, depois de uns séculos de vida ligada à terra e de mais uns séculos de vida ligada ao mar, chegou a fase de as novas gerações portuguesas viverem ligadas ao ar, não por via da aviação, claro está, mas porque é no ar mais poluído que trazem e utilizam a cabeça e é dele que colhem a identidade, a comprazer-se entre a irresponsabilidade e o espectáculo. E por isso mesmo, Mourinho e Scolari são os novos heróis emblemáticos da nacionalidade, os condutores de homens que arrostam com os grandes e terríficos perigos e praticam ou organizam as grandes façanhas do peito ilustre lusitano. São eles quem faz aquilo que se gosta de ver feito, desde que não se tenha de fazê-lo pessoalmente porque dá muito trabalho. Pensam pelo país, resolvem pelo país, actuam pelo país, ganham pelo país. Daí as explosões de regozijo, as multidões em delírio, as vivências mais profundas, insubordinadas e estridentes, as caras lambuzadas de tinta verde e vermelha dos jovens portugueses. Afinal foi só para o Carnaval que a escola os preparou. Mas não para o dia seguinte.
Vasco Graça Moura”

"Por culpa de intelectualóides parvalhões como este gajo é que o país não avança. Senão vejamos:
O fim do serviço militar obrigatório colocou Portugal na linha da frente dos países que consideram que o homem não deve nascer soldado. Se alguma coisa se aprendia no felizmente extinto S. M. O. era a roubar, a obedecer cegamente a ordens estúpidas, a abusar da autoridade e, sobretudo, a meter a cunha para livrar da tropa ou para passar à frente dos outros nas promoções. Quem por lá passou há-de concordar comigo, palpita-me que este palerma não sabe do que está a falar.
Se dermos uma voltinha pelos países europeus veremos que em todos eles os adolescentes têm uma vida similar à dos portugueses, com a diferença de terem mais euros no bolso e de já estarem fora da alçada dos pais. Acho que V. G. M. tem saudades do tempo em que só os meninos bem tinham possibilidades de viver assim, os outros começavam a trabalhar aos doze anos; ou então inveja por não ter feito essa vida quando era jovem porque ninguém estava para o aturar, e não a poder fazer agora porque já mija para os chinelos.
E não, doutor por extenso, já não existe “instrução primária”: desde a primeira reforma no ensino depois do 25 de Abril que o Professor deixou de ministrar instrução e passou a ser educador, para grande tristeza sua, suponho. É que acabando a primária o vulgar cidadão era logo promovido a operário, enquanto que betinhos como o doutor seguiam ao colo por esses liceus e por essas faculdades fora.
Não entendo muito de futebol, mas estes ataques a Mourinho e a Scolari soam--me a dor de cotovelo de um intelectual frustrado que passa a vida a sonhar com “rabinhos” de adolescentes.
Muito mais tinha para dizer, mas não me quero tornar chato (a coisa pega-se). Só quero salientar que, para não variar, a culpa acaba sempre por ser dos Professores, o que só revela que V. G. M. afina pelo diapasão socrático (político, não filosófico), tanto quanto me parece numa tentativa de namorar o poder e voltar a derreter o seu sebo por esses jet sets televisionáveis.
Para responder ao fecho da crónica, é da competência da Igreja Católica e não da Escola preparar os jovens para a Quarta-feira de Cinzas, se é que é a esse dia que V. G. M. se está a referir (deve ser, as suas vistas curtas continuam a não ter cura).
Ermesinde, 14 de Março de 2007
Jorge Seabra"