terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Ruy Belo

Ruy de Moura Ribeiro Belo nasceu no dia 27 de Fevereiro de 1933 em São João da Ribeira, Rio Maior.
Licenciou-se em Filologia Românica e em Direito, pela Universidade de Lisboa, e doutorou-se em Direito Canónico pela Universidade Gregoriana de Roma, com uma tese intitulada «Ficção Literária e Censura Eclesiástica».
Em 1951 entrou para a Opus Dei, mas saiu em 1961 (ano em que publicou o seu primeiro livro “Aquele Grande Rio Eufrates”) e casou com Maria Teresa Belo, de quem teve três filhos.
Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de director adjunto no então ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas actividades fossem vigiadas e condicionadas.
Foi durante algum tempo funcionário no departamento editorial da União Gráfica, repartiu-se depois entre um escritório de advocacia, como canonista, e a Universidade de Madrid, onde durante sete anos (1971-1977) foi leitor de Português, cargo preenchido com brilho invulgar, sem no entanto suscitar o mínimo interesse por parte da nossa representação diplomática. Foi também, na sua passagem pela imprensa, director literário da Editorial Aster e chefe de redacção da revista Rumo.
Regressado a Lisboa, Ruy Belo tentou em vão entrar para o corpo docente da Faculdade de Letras de Lisboa: na altura da sua morte ia mais uma vez concorrer a um lugar de assistente mas foi-lhe recusada essa possibilidade, e foi dar aulas na Escola Técnica do Cacém, no ensino nocturno. Faleceu em 1978, vítima de ataque cárdio vascular.
Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.
Os seus primeiros livros de poesia foram Aquele Grande Rio Eufrates (1961) e O Problema da Habitação (1962). Às colectâneas de ensaios Poesia Nova (1961) e Na Senda da Poesia (1969), seguiram-se obras cuja temática se prendia ao religioso e ao metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. Como o caso de Boca Bilingue (1966), Homem de Palavras(s) (1969), País Possível (1973, antologia), Transporte no Tempo (1973), A Margem da Alegria (1974), Toda a Terra (1976) e Despeço-me da Terra da Alegria (1977). A sua poesia encontra-se recolhida em Obra Poética de Ruy Belo (volumes 1 e 2).
Apesar do seu curto período de actividade literária, Ruy Belo tornou-se num dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint Exupéry, Montesquieu, Jorge Luís Borges, Blaise Cendrars e Federico García Lorca. Prefaciou Pelo Sonho É Que Vamos, de Sebastião da Gama. Colaborou em várias publicações periódicas, nomeadamente em O Tempo e o Modo e Ocidente.
Em 2001, publicou-se Todos os Poemas.
À mulher e aos amigos, durante muitos anos, Ruy Belo foi dizendo que a sua tese para a Universidade Gregoriana de Roma estava escrita em latim. Mas «Ficção Literária e Censura Eclesiástica» é em português e figura nas «Obras completas» publicadas pela Editorial Presença sob a orientação de Joaquim Manuel Magalhães, juntamente com os ensaios de “Na senda da poesia” (1969) e um acervo de poesia inédita.
Muitos destes inéditos encontram-se dispersos por Queluz, onde Ruy Belo residia e onde morreu em Agosto de 1978, e pela Consolação, uma praia da costa de Peniche onde ele tinha um pequeno piso de férias e privou de perto com Fernandes Jorge e Magalhães, seus grandes amigos. Trata-se na maioria, de versos da juventude e apontamentos dos últimos tempos.

Sem comentários: