quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Novidades Campo das Letras





A Campo das Letras prepara-se para editar em Abril deste ano, "As Uvas e o Vento" de Pablo Neruda, com tradução de Albano Martins.

Neste livro, Pablo Neruda, canta o futuro do mundo novo surgido da II Guerra Mundial, que cura as suas feridas e reconstrói sociedades, pintando com sensibilidade e sonoridade painéis sobre homens, cidades e paisagens da Europa e da Ásia.


Tendes que ouvir-me

Errante, fui cantando
entre as uvas
da Europa
e sob o vento,
sob o vento da Ásia.

O melhor das vidas
e da vida,
a doçura terrestre,
a paz pura,
fui recolhendo, errante,
recolhendo.

Com meu canto
ergui na boca
o melhor duma terra
e de outra terra:
a liberdade do vento,
a paz entre as uvas.

Pareciam os homens
inimigos,
mas a mesma noite
os cobria
e só uma claridade
os despertava:
a claridade do mundo.

Entrei nas casas quando
comiam à mesa,
vinham das fábricas,
riam ou choravam.
Eram todos iguais.

Todos tinham olhos
para a luz, procuravam
os caminhos.
Todos tinham boca,
entoavam cantos
à primavera.
Todos.

Por isso
procurei entre as uvas
e o vento
o melhor dos homens.
Agora tendes que ouvir-me.


Pablo Neruda (1904-1973) é pseudónimo do poeta chileno Ricardo Eliézer Neftali Reyes.
Foi escritor, poeta, diplomata e político. Fundador do Partido Comunista do Chile.
Autor de poesia de inspiração social e revolucionária, foi considerado o Walt Whitman da América Latina, viu as suas obras traduzidas em inúmeros países.
Galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1971.
Publicado pela Campo das Letras: "Os Versos do Capitão" (1996), "Canto Geral" (1998), "Cem Sonetos de Amor" (2004), "Cadernos de Temuco" (2004).
"Neruda", de Volodia Teitelboim (Biografia, Set. 2004)

2 comentários:

Anónimo disse...

o seu blogue é de grande interesse.

Vou linkar o seu espaço.


Bom fim de semana,

***maat

Anónimo disse...

Minha Inês, com ou sem alma minha.
Escusado dizer-te que continuo a ser o fervoroso adepto da tua acuidade.
Visito-te diariamente, insistentemente e, por sorte a minha, encontro-te sempre.
Luís Pinto