sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
Na estante de culto
"A Idade das Trovas"
de Inocêncio Pinga-Amor (Luís Graça)
Edição: Universitária Poesia (1998)
Capa: João Pitta Groz
Luís Graça escreve de tudo: contos, poesia, romances, teatro, crítica de banda desenhada, argumentos para banda desenhada, artigos para jornais desportivos...
E o humor é o seu território de eleição, mas ao espírito cáustico gosta de juntar uma pitada de romantismo. Neste livrinho "A Idade das Trovas" editado pela Universitária Poesia em 1998, Luís Graça dá largas ao seu génio romântico.
Brisas de fim-de-tarde em Dó Maior
Se os teus olhos
perenes de paz
reflectirem a lua
como lagos
Banhando a tua dor
em pântanos de fogo
que trituram as entranhas
em volúpias
Não confundas a ternura
com meiguice
não iludas um quadro
em desespero
Tu já não queres viver
como quem sonha
tu já não queres sonhar
por não saberes
Essa subtil margem
das saudades
que vai da meiguice
às tuas lágrimas
Se quiseres eu cubro a tua alma de açúcar
Se quiseres
eu cubro a tua alma
de açúcar
E se tiveres ainda
falta
de glucose
Deixa-me dar-te
ao fim do dia
um olhar doce
"A ligeireza, a graça, o bom humor, fazem com que estas Trovas de Luís Graça pertençam à idade do riso, uma idade que ainda está muito longe de ser assumida pela alma portuguesa.
A quase totalidade da expressão poética produzida em língua portuguesa, possui ainda algum escrúpulo perante a postura do poeta-humorista: ou é assaltada por um confessionalismo amargo, ou entrega-se à sátira mordaz e ressentida. Há ainda a outra poesia, aquela que se faz valer de uma herança de pendor clássico ou classicizante, que irrompe da verdade do sujeito poético.
Este livro de Luís Graça situa-se entre estes dois pólos: nem amargo, nem ressentido, nem clássico — apenas feliz e igual a si mesmo"
José Fernandes Tavares
Obras de Luís Graça:
“A Idade das Trovas” (Universitária Editora, 1998), sob o pseudónimo de Inocêncio Pinga Amor (poesia); “Meia Dúzia de Maldades” (Inatel), teatro; “O homem que casou com uma estrela porno e outros contos perversos” (Editora Polvo, 2003, contos); “De Boas Erecções está o Inferno Cheio” (Editora Polvo, 2004, poesia erótica); “Neura 2004” (Editora Oficina do Livro, 2004, romance); “Fado, Futebol e Farpas” (Edição de autor, 2006, romance).
Também participou em obras colectivas como: “100 Anos Federico Garcia Lorca, homenagem dos poetas portugueses” (Universitária Editora); “Antologia da Poesia Erótica” (Universitária Editora); Antologia DN Jovem (Editorial Notícias); participações nos “Florilégios de Natal” (Universitária Editora), Cadernos de poesia “Viola Delta” (Edições MIC), “SOL XXI” (Edições SOL XXI), fólios de poesia “Petrinia” (Liga dos Amigos de Alpedrinha); "A jeito de homenagem a Eugénio de Andrade", das Fólio Edições e 1º de Janeiro (2003); “Neruda, Cem anos Depois” (Universitária Editora, 2004).
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