O amanhã aumenta os dias,
O ontem diminui a vida
Perante nós temos, contudo,
O dia de hoje, para sempre.
Se morre um ser, logo vem outro
Para segui-lo neste mundo,
Tal como o sol, quando se põe,
Ressurge logo em qualquer parte.
Dir-se-ia que outras ondas passam
Descendo sempre o mesmo rio;
Dir-se-ia que é um outro outono
Mas caem sempre as mesmas folhas.
A nossa noite é precedida
Pela suave madrugada;
A própria morte é ilusão,
Um mealheiro de existências:
De cada efémero momento
Eu depreendo que este axioma
Sustenta toda a eternidade
E faz girar o mundo inteiro.
Pode voar, portanto, este ano
E no passado mergulhar,
Pois conservamos o tesouro
Que desde sempre temos n'alma.
O amanhã aumenta os dias,
O ontem diminui a vida
Contudo, temos ante nós
O dia de hoje, para sempre.
As cintilantes aparências,
Que velozmente se sucedem,
Repousam sob a irradiação
Do sempiterno pensamento.
Mihai Eminescu
(Versão de Carlos Queiroz, sobre tradução de Victor Buescu e Rogério Claro)
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