domingo, 23 de julho de 2006

a.gil






Eis a Alexandra Gil. A que diz que junta palavras sem sentido. Mas que afinal fazem todo o sentido. Afinal, criatividade rima com sensibilidade. E quase sempre com grandeza de alma.





estás


nas manhãs remelosas. nas noites de insónia. nos discos em auto-repeat. nas imagens que invento. nas palavras que junto sem sentido. nos filmes de amor trágico. nos livros que falam de coisas sérias. nas manchetes sangrentas dos tabelóides. na chávena de leite achocolatado. no ronronar do gato que se deita a meu lado. no relato da partida de futebol no canal codificado. em mais um cigarro que sorvo. e ainda no fastio a que me obrigo. no chão da sala polvilhado de sapatos. nas folhas de papel riscadas. foda-se. estás em tudo. em todas as coisas. em todos os sentidos que confundo. em cada sonho. em cada pesadelo com a morte. nas fugas. nas corridas infundadas contra o tempo. em mim. apenas em mim insistes em estar. longe.


a.gil

2 comentários:

bolas de sabão disse...

:) kida!

Anónimo disse...

Prosa poética a dançar sobre o fio da navalha. Cortante.