segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Pedro Lucas




Pedro Lucas nasceu em 1975 em Lisboa.
É projectista e mora em Samora Correia, concelho de Benavente.
Tem como paixões a poesia e a pintura.
Ainda não teve oportunidade de editar nenhum livro mas descreve-nos assim o seu sonho:


"Recordo em pequeno os meus olhos, grandes e castanhos. De verem nas mãos os sonhos maiores.
Cresci como tantos outros, com os sonhos dentro dos bolsos.
As palavras eram como frutos que desciam nos meus lábios. Eu sabia disso. Sabia que nasciam dos olhos dos outros mas também dos meus silêncios, das casas imaginárias que construía dentro de mim. Olhava para os outros como se por dentro dos meus olhos, houvessem apenas as palavras mais doiradas.
E eu abria-as no meu peito apertado, guardava-as dentro de mim, e escrevia-as sobre a pele. Eu sabia que os frutos das pessoas nasciam das árvores das almas. E que, a na minha pele, eu podia plantá-las.

Cresci, fascinado pelas palavras. Nos dias de Inverno, depois da escola
ficava em casa, a ouvir a chuva a cair, a bater no vidro da janela embaciada. Enquanto escrevia os primeiros textos, olhava através da janela, para escutar o som das palavras. E quando parava de chover, também parava de chover dentro de mim. E depois, vinha o silêncio apaziguador, como se as palavras poisassem finalmente sobre a folha de papel.

Fui escrevendo sem qualquer intenção. Guardava os textos na gaveta do móvel do quarto e também guardava sempre no móvel do meu coração.

Hoje, apesar de não ter qualquer livro publicado, continuo a escrever Poesia. Quando chove, ainda fico à janela para abrir as palavras no meu peito.

Já plantei algumas árvores, já derrubei outras mas guardo ainda dentro dos
meus bolsos, os sonhos maiores…"


O Pedro procura editora para editar os seus poemas.
Pode ser que consiga realizar o seu sonho um destes dias...
Com os meus desejos de "boa sorte",
deixo-vos com um poema seu,
na voz de Luís Gaspar:



No alpendre, espero por ti.

Os arbustos cresceram. As folhas caíram
O poço secou. As pessoas partiram.

É mais difícil quando vem o frio
A brisa chora nos meus olhos.
E nos meus olhos era onde sonhavas
Teus sonhos dentro de mim.

Envelheci com as árvores.
Com o cair das folhas no Outono.
Agora já não dão frutos.

Oiço apenas o barulho do vento
Que atravessa os ramos,
Que atravessa dentro de mim, vazio.

A noite não acaba. O dia não acaba.
Nada se não silêncio incessante.
Espero por ti, no alpendre.
Sei que não voltas. Mas ainda te quero abraçar

A brisa, chora nos meus olhos.
Porque foi nos meus olhos
Com as tuas mãos pequeninas,
Que aprendeste a sonhar

Pedro Lucas

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