segunda-feira, 16 de março de 2015

Lançamento do livro «Deusa da Transparência» de Joana Lapa

Vai realizar-se, no dia 21 de Março pelas 16H30, na Biblioteca Nacional de Portugal (Campo Grande), o lançamento do livro de poesia «Deusa da Transparência» de Joana Lapa (pseudónimo de Maria João Fernandes).

O livro foi editado pela Afrontamento, ilustrado com fotografias de Manuel Magalhães e prefaciado por Robert Bréchon e por Maria João Fernandes. 

O evento reunirá várias artes: a poesia dita por Carmen Santos, as artes plásticas, presentes no diaporama de António Sousa Dias sobre o tema do livro e com música de Cândido Lima e a dança, com Ana Silva dirigida por Paula Pinto (ex primeira bailarina do Ballet Gulbenkian).

Diogo Dória lerá o texto de Robert Bréchon e Maria João Fernandes fará uma breve reflexão sobre a relação do arquétipo presente no seu livro com o mesmo tema na história de arte.
Na ocasião do lançamento será apresentada a escultura de José João Brito dedicada a Maria João Fernandes.

(Maria João Fernandes)

Do prefácio de Robert Bréchon a Deusa da Transparência, destacamos: «Este livro é uma invocação à “deusa”. Há uma dimensão quase religiosa nesta palavra; e mesmo se não é uma verdadeira adjuração, se não toma nunca o aspeto de uma prece ou de um pedido, a oração poética testemunha antes de mais da espera de uma revelação. A “deusa” é a promessa de uma vida nova, a verdadeira vida, como disse Rimbaud, onde nos sentimos verdadeiramente no mundo. O paradoxo deste livro fascinante, é que pela virtude do verbo poético, a jovem apresentada como modelo, de uma beleza completamente humana, se torna esta “deusa”. Assim, como as jovens polinésias pintadas por Gauguin, a jovem “mulher florescida” ou “uma jovem em flor?” torna-se um ser mágico, cuja presença reencanta o mundo. Inúmeras imagens poéticas ilustram este esplendor: imagens de brilho, de brancura, de frutos, de pássaros, de ouro, de nácar. A imaginação da poetisa, no seu fervor, vai ao ponto de despojar a “deusa” da sua carne de ser vivo para não ver nela senão o que lhe é anterior, original, eterno. O que o seu olhar tem de original, é que a sua admiração, a sua devoção, a sua alegria, não caiem jamais na “espiritualidade”. Ela é tão “pagã” como os pastores da Arcádia ou como Alberto Caeiro, o heterónimo de Pessoa, que recusa qualquer interioridade. Há um êxtase terrestre (ou aqui marinho), tão violento, tão inebriante, tão vertiginoso como o dos místicos. 
A perfeição da escrita poética está em conseguir, apenas com as palavras, ir ao encontro de um espaço e de um tempo estranhos à linguagem, um canto sem palavras e sem música, o silêncio original, inaudível, incompreensível, impensável. A deusa da transparência não é contudo uma abstração, ela é a vida ela mesma, devolvida à sua verdade absoluta. E como para Nietzsche, o signo desta plenitude nova, reencontrada, é a dança.»  

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