quinta-feira, 13 de junho de 2013

Poesia de Luís Filipe Marinheiro

«UM CÂNDIDO DILÚVIO (ACTO I)»
«SOMBRAS EM DERIVAS (ACTO II)»
Chiado Editora, 2013

«Obra inédita de um jovem escritor Aveirense pelo fascinante mundo do decadentismo poético (simbolismo, surrealismo... alquimia da mística, o culto do bizarro, obscuridade, etc...) onde somos remetidos para uma aura secular concomitantemente  em que nos torna-mos veementemente num predicado presente.» 
Daniel Filipe Pereira (poeta e proprietário das Livrarias Aveirenses: Socodante e Abc)


LOUCURA

Aquela afligida atmosfera da loucura, sempre e sempre
me perseguiu quando engolfava, caprichosamente
durante as destinadas descidas aos selados planetas
esboçados nos trémulos blocos de gelo como varandas
tribais no interior de uma jarra abençoada por flores
a arder penedos a cima. Era eu assomada vertigem sibilante.
Quis afligir minhas preces, minha cama,
minhas ternuras-nervuras, minha sobriedade,
minhas imigradas alvoradas, minha levedura.
Agradeci à desventura que me tenha inspeccionado
imemoravelmente, possuindo minha síncope comoção
alimentando-a com cambaleantes vielas e ondeantes
ruelas enriquecendo-me com orgias isentas de vozes
Era eu assomado lascivo silêncio costurado a meus
querubins lábios.
Vivo apenas hoje para beijar a loucura.

Luís Filipe Marinheiro

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