quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Exposição «Artistas-poetas, Poetas-Artistas»
em Paris


Artistas Poetas e Poetas Artistas
Poesia e Artes Visuais do século XX em Portugal

Exposição na Delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris
(Morada: 39, Boulevard de La Tour Maubourg 75007, Paris, Tel. 00331 53859393)

De 15 de Janeiro a 30 de Março de 2013 
Organização: Delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian
Comissário: Maria João Fernandes

Autores incluídos na Exposição: João de Deus, Teixeira de Pascoaes, António Carneiro, Almada Negreiros, João Carlos/Celestino Gomes, José Régio, Julio / Saúl Dias, Carlos de Oliveira, Fernando Namora, Armindo Rodrigues, Joaquim Namorado, Mário Dionísio, Júlio Pomar, Lima de Freitas, António Pedro, António Maria Lisboa, Mário Cesariny , Cruzeiro Seixas, Mário Henrique Leiria, Alexandre O’Neill, António Areal, Carlos Calvet, Natália Correia, Isabel Meyrelles, Ernesto de Melo e Castro, Ana Hatherly, Salette Tavares, Herberto Helder, Alexandra Mesquita, Emerenciano, Eurico Gonçalves, Eugénio de Andrade, António Ramos Rosa, Gonçalo Salvado, Raúl de Carvalho, Martins Correia, Vasco de Lima Couto.

A Exposição Artistas Poetas e Poetas Artistas, Poesia e Artes Visuais do Século XX em Portugal, comissariada pela crítica de arte (A.I.C.A.) Maria João Fernandes, uma organização da Delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, apresenta em Paris na sede da Delegação um conjunto importante de obras da colecção do Centro de Arte Moderna (C.A.M.) da F.C.G. entre outras colecções públicas e privadas e inaugura a 15 de Janeiro. Colaboraram na exposição, emprestando obras, a Casa da Achada, Centro Mário Dionísio (Lisboa), a Casa Museu José Régio (Portalegre), a Casa Museu Vasco de Lima Couto (Constância), a Fundação Cupertino de Miranda (Vila Nova de Famalicão), a Fundação de Serralves (Porto), o Museu Carlos Machado (Ponta Delgada, Açores), o Museu da Cidade de Lisboa, o Museu João de Deus (Lisboa), o Museu Municipal Martins Correia (Golegã) e o Museu do Neo-Realismo (Vila Franca de Xira).

A exposição apresentada por Maria João Fernandes é prefaciada por Eduardo Lourenço, Robert Bréchon e Gilbert Durand, nomes maiores da cultura portuguesa e francesa e “documenta não só a importância da poesia visual, mas também a do pensamento visual na cultura portuguesa moderna. Uma importância de que podemos seguir a trajetória desde Francisco de Holanda (1517-1585) passando pelo Barroco português” (Gilbert Durand). A autora do projeto, Maria João Fernandes quis apresentar este tema de vasta tradição europeia (de Leonardo da Vinci (1452-1519) e Miguel Ângelo (1475-1564) a Victor Hugo (1802-1885), Mallarmé (1842-1898), Apollinaire (1880-1918), Garcia Lorca (1898-1936), Marc Chagall (1887-1985), Picasso (1881-1973) e Jean Cocteau (1889-1963)) na cultura portuguesa e numa perspectiva histórica.
Na exposição vemos desfilar os principais movimentos do século XX português, do Lirismo e do Simbolismo fim-de-século ao Modernismo (anos 10 e 20), aos artistas ligados à revista “Presença” (segundo Modernismo, 1927-1940), ao Neo-Realismo (anos 30 a 50) e ao Surrealismo (anos 40 e 50), até aos contemporâneos, passando pela Poesia Visual (décadas de 60 e 70).
A mostra desenvolve-se sob o signo de Mestre Almada Negreiros (1893-1970), pensador, poeta e pintor emblemático do Modernismo em Portugal e de Fernando Pessoa, ícone da poesia e da cultura portuguesas modernas, representado por Almada no seu famoso retrato de 1964 (presente na exposição), seguindo o trajeto dos intérpretes de uma gnose inspirada pelo laço da poesia e da pintura. João de Deus (1830-1896), Teixeira de Pascoaes (1877-1972) e António Carneiro (1872-1930), representam o Lirismo, o Saudosismo e o Simbolismo, Almada Negreiros, a herança Modernista, acompanhado por João Carlos/Celestino Gomes (1899-1960), José Régio (1901-1969) e Julio / Saúl Dias (1902-1983), a revista Presença, os poetas seduzidos pela pintura: Carlos de Oliveira, (1921-1981), Armindo Rodrigues (1904-1993), Fernando Namora (1919-1989), Joaquim Namorado (1914-1986) e Mário Dionísio (1916-1993), o Neo-Realismo, onde se incluem ainda os pintores que posteriormente seguiram rumos muito diversos: Júlio Pomar (n. 1926) e Lima de Freitas (1927-1998), cujo percurso estudado por Gilbert Durand evoluiu no sentido de um realismo mágico.
Constituem o núcleo surrealista os pintores-poetas e poetas-pintores António Pedro (1909-1966), António Maria Lisboa, Mário Cesariny (1923-2006), Cruzeiro Seixas (n. 1920), Mário Henrique Leiria (1923-1980), António Areal (1934-1978), Carlos Calvet (n.1928) e Natália Correia (1923-1993) e a escultora poeta Isabel Meyrelles (n.1929). Os poetas visuais E.M. de Melo e Castro (n.1930), Ana Hatherly (n. 1929) e Salette Tavares (1922-1994), são acompanhados pelo “Poemacto” de Herberto Helder (n. 1930) e por Alexandra Mesquita (n. 1969) que renova este filão. Dois núcleos temáticos reúnem os contemporâneos: “A Aventura do Signo, Escrever a Imagem” com obras de Emerenciano (n. 1946) e Eurico Gonçalves (n. 1932) e “Vogal Viva: Pintar a Palavra”, onde podem ser apreciados desenhos e pinturas dos poetas de dimensão europeia, atraídos pela imagem, Eugénio de Andrade (1923-2005) e António Ramos Rosa (n. 1923), entre outros trabalhos de Martins Correia (1910-1999), Raúl de Carvalho (1920-1984), Vasco de Lima Couto (1923-1980) e também do poeta Gonçalo Salvado (n. 1967) que prolonga a grande tradição do Cântico dos Cânticos na sua poesia e no seu desenho.

“A exposição afirma a complementaridade de poesia e imagem, dupla expressão de um conhecimento único na cultura portuguesa marcada pelo lirismo e o surreal e também pelo laço entre pensamento e visualidade, fonte de uma verdade original numa transparência essencial que é não apenas a alma mais secreta das coisas, mas a sua verdadeira, a sua única alma” - Maria João Fernandes.

(na imagem, Retrato de Fernando Pessoa, por Almada Negreiros, 1964)

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