segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Amanhecem nas Rugas Precipícios
Alberto Pereira
Prefácio de Pedro Sena-Lino
Edium Editores, Maio 2011






Amanhecem nas rugas precipícios

Amanhecem nas rugas precipícios.
Pesam os dias empinados no vazio,
o tempo é fogo coado
a narrar o escaldar da neve.

A ocidente do coração
a juventude atrelada ao sangue.
No olhar o selim sedoso
onde se sentam ainda as mulheres
que despiam o paraíso.
Vêm devagar, tenebrosas,
com a distância em combustão.

Amanhecem nas rugas precipícios.
Espreitam na escotilha corporal,
migalhas luminosas enamoradas de sombra.

Já nada tosquia as cicatrizes.

A memória é um rebanho
de arame farpado
e a eternidade
o único tempo que morre.

1 comentário:

Rita disse...

Lindo! (Rita Ferro)