sexta-feira, 19 de março de 2010

Dia Mundial da Poesia na Cidade Velha

A Invenção do Amor: Daniel Filipe dito a três vozes

“A Invenção do Amor” (de Daniel Filipe) dá expressão ao Dia Mundial da Poesia na Cidade Velha, em Cabo Verde. No dia 21, às 19 horas, o Terreru di Kultura, na Baixa da Cidade Património da Humanidade, serve de palco a esta celebração que faz parte do calendário da UNESCO. “A Invenção do Amor” será dito a três vozes (as de José Braga-Amaral, de Sueli Duarte e de Nuno Rebocho), num ambiente adequado ao dramatismo expresso neste grande poema do autor cabo-verdiano que tem lugar de destaque na história tanto da literatura portuguesa, como das literaturas lusófonas.

Nascido na ilha da Boa Vista em 1925, Daniel Filipe foi levado muito novo para Portugal, onde cresceu e se fez homem. O seu inconformismo com o regime totalitário então vigente em Portugal, fizeram dele um autor que o colonial fascismo salazarista tentou silenciar. Mas os seus poemas (como “A Invenção do Amor”, 1961, e “Pátria, Lugar de Exílio”, 1963) tornaram-se denúncias e armas altissonantes que nem a Censura nem a PIDE (polícia política de Salazar) conseguiram neutralizar. Democrata convicto, Daniel Filipe foi dos primeiros a tomar partido pela candidatura presidencial do Marechal Humberto Delgado, em 1958, escrevendo a este respeito um romance notável, “Manuscrito na Garrafa” (1960).

“A Invenção do Amor”, escrito e publicado em 1961, ano em se intensificou a luta contra o regime de Salazar e nas colónias dominadas por Portugal eclodia a luta armada que conduziu às suas independências e ao derrube do totalitarismo português, deu continuidade ao intervencionismo de Daniel Filipe, saliente nos seus textos na revista “Seara Nova” e sobretudo na importantíssima revista cultural de que foi um dos fundadores e também director, “Notícias do Bloqueio”.

Daniel Filipe morreu novo, em 1964. Veio falecer a Cabo Verde, nunca escondendo a sua esperança de liberdade para os dois países nos quais decorreu a sua vida – Portugal e Cabo Verde, cuja independência e democratização desejou. Deixou uma bibliografia de notável qualidade, onde, além dos títulos já citados, são também de referir “Missiva” (1946), “Marinheiro em Terra” (1949), “O Viageiro Solitário” (1951), “Recado para a Amiga Distante” (1956) e “A Ilha e a Solidão” (1957), este distinguido com o Prémio Camilo Pessanha.

A Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago, que promove esta sessão em colaboração com Terreru di Kultura, orgulha-se de celebrar assim o Dia Mundial da Poesia.
Tendo como seus Cidadãos Honorários poetas como Mário Fonseca e Oswaldo Osório, Cidade Velha chama todos os seus amigos a festejar, com mérito, a Poesia num lugar que já construiu incontornáveis tradições culturais. Será uma sessão a não perder.

3 comentários:

continuando assim... disse...

Convite para ler

O livro "Continuando assim...", foi maltratado...

Resolvi por isso, e porque tanta gente não encontra o livro onde deveria estar (nas livrarias), recontar a história , lá no
…. Continuando assim…

Vamos em metade da história, o livro reescrito , não está igual (nem podia) ao que foi editado.
Um obrigada especial a quem segue a história (pois só vale a pena assim).
A quem chega de novo, umas boas vindas sinceras. E outro obrigada .

Mais uma reflexão em relação a todo este assunto, e um conselho, se é que me é permitido:

--- quando vos pedirem dinheiro para editar as vossas palavras, simplesmente digam que não ---
Bj
Teresa

as abóboras mecânicas disse...

Olá Inês !
Olá Marta!
O Ajavardamento Poético está a ser desenvolvido no âmbito da disciplina de Área de Projecto por cinco alunas do 12º ano da Escola Secundária do Padrão da Légua.
Neste sentido estamos a organizar um encontro de poetas com leitores de poesia. Ocorrerá no dia 25 de Março, quinta-feira, por volta das 15 horas na Casa Museu Abel Salazar. Seria muito importante para a divulgação do projecto que de alguma maneira colaborasse connosco.

Vão estar presentes autores como Jorge Velhote, Amadeu Baptista, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Sara Canelhas, Nuno Dempster, Teresa Tudela, Viale Moutinho e Vicente Ferreira da Silva.

abóboras mecânicas

( há mais informações no nosso blogue )

Veiga disse...

Gostei do blog. Parabéns