quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Um livro de poesia a cada dia...
nem sabe o bem que lhe fazia


Poemas Reunidos
1934-1953
Dylan Thomas
Tradução de Ivan Junqueira
José Olimpo Editora, 2003
(2ª edição revista)





Parto esse pão


Parto esse pão que outrora foi centeio,
Esse vinho sobre uma árvore estranha
Submersa em seus frutos;
O homem durante o dia ou o vento à noite
Derrubaram as searas e esmagaram a alegria das uvas.

Outrora nesse vinho, o sangue do verão
Pulsava na carne que recobria a videira,
Outrora nesse pão
O centeio era feliz ao vento;
Mas o homem dilacerou o sol e abateu o vento.

Essa carne que despedaças, esse sangue que permites
Trazer desolação às veias
Eram as uvas e o centeio
Nascidos da seiva e de sensuais entranhas;
Meu vinho que bebes, meu pão que abocanhas.

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