sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

BN comprou o manuscrito "Indícios de Oiro" de Mário de Sá-Carneiro

A Biblioteca Nacional adquiriu o único manuscrito conhecido de Mário de Sá-Carneiro "Indícios de Oiro", (uma colectânea de poemas) no leilão da Galeria Potássio4, em Lisboa, juntamente com outros três cadernos do autor por um total de 33.000 euros, passando este manuscrito a ser o documento mais importante do espólio do escritor, na posse da Biblioteca, e evitando assim que o mesmo saísse do nosso país.
Este livro só foi publicado em 1937, 21 anos após a morte do poeta, pela Presença.
Dois dos cadernos contêm muitas notas do autor e também as revistas Orpheu 1 e Orpheu 2. Num terceiro caderno, criado postumamente, foram reunidos recortes de jornais soltos nos quais também estão contidas algumas anotações.
Estas obras vão juntar-se ao espólio de 72 documentos de Mário de Sá-Carneiro, na posse da BN, constituído por poesias, contos, escritos de juventude, cadernos escolares e cartas.
Estes documentos são muito valiosos já que Mário de Sá-Carneiro destruiu muitos dos seus escritos e são poucos os que restaram. Porém, foi possível recolher alguns que o autor enviou a amigos, nomeadamente a Fernando Pessoa.
O manuscrito "Indícios de Oiro" e os três cadernos vão receber um tratamento especial de limpeza e preservação antes de se reunirem ao restante acervo do autor, e deverão estar disponíveis para consulta dentro de cerca de três meses.
Também esteve à venda, no mesmo leilão, uma fotografia de Fernando Pessoa com 10 anos, assinada pelo futuro poeta e com a seguinte dedicatória "à sua boa amiga Maria Ignácia de Saldanha Sette offerece como prova de muita amizade o seu amiguinho - Fernando", que foi arrematada por 11.000 euros.
Dos 50 lotes leiloados fizeram ainda parte os dois primeiros números da revista inglesa "Blast", em que colaboraram os poetas T. S. Eliot e Ezra Pound, "De secretis Libri XVII Ex variis Authoribus collecti", um livro hermético do século XVI, de Johann Jacob Wecker, cartazes editados pelo Estado Novo, uma fotografia de Sarah Bernhardt com dedicatória a Silva Pinto e um conjunto de fotografias de Fernando Pessoa.

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