sábado, 22 de julho de 2006

Espólio de Al Berto doado à BN



A família de Al Berto doou o espólio do poeta à Biblioteca Nacional. São manuscritos poéticos, traduções de vários títulos do autor, correspondência e apontamentos pessoais e biográficos.
Al Berto, pseudónimo de Alberto Pidwell Tavares, nasceu em Coimbra em 1948. Poeta surrealista no início da sua obra literária (perto de Helberto Hélder), optando depois por fundir a poesia na prosa.
Foi distinguido com o Prémio Pen Club de Poesia, pela sua obra "O Medo", em 1988.
Obras a salientar – Poesia: "À Procura do Vento num Jardim d'Agosto", 1977; "Meu Fruto de Morder, Todas as Horas", 1980; "Trabalhos do Olhar, 1982;" O Último Habitante, 1983; "Salsugem", 1984; "A Seguir o Deserto", 1984; "Três Cartas da Memória das Índias", 1985; "Uma Existência de Papel", 1985; "O Medo", 1987; "O Livro dos Regressos", 1989; "A Secreta Vida das Imagens", 1991; "Canto do Amigo Morto", 1991; "Luminoso Afogado", 1995; "Horto de Incêndio", 1997; Prosa: "Lunário", 1988; "O Anjo Mudo", 1993.
Al Berto
tem obras suas traduzidas em castelhano, francês, inglês e italiano.
Faleceu em 1997.

1 comentário:

bolas de sabão disse...

de degrau em degrau afundo-me na sabeddoria
do ouro e da visão conheço a lenta travessia
onde o corpo se evapora no fogo do tempo
reclamado de rostos e de petrificadas memórias
regresso pela transparente teia dos gestos
e pelos desertos junto ao mar amámos
sobre o envelhecido espelho
fingimos morrer

já não posso dizer que nada existe
repovoámos o sonho e na boca cresceu
subitamente um pássaro o exíguo espaço de um país
ó ave
dispersa esta réstia de sangue sobre o mar!

(de «A Noite Progride Puxada à Sirga»: Réstia de Sangue, 1985)

quantas vezes será preciso morrer para se criarem coisas lindas assim...