quinta-feira, 8 de março de 2007

Ruy Cinatti

Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes nasceu em 8 de Março de 1915 em Londres, tendo vindo ainda criança, para Portugal. Formou-se no Instituto Superior de Agronomia, em Fitogeografia, (área em que publicou vários trabalhos científicos) e partiu para Inglaterra onde estudou Etnologia e Antropologia Social, em Oxford. Entre 1943 e 1945 desempenhou o cargo de meteorologista aeronáutico da Pan American Airways. Viajou pelo Mundo, tendo vivido alguns anos em Timor, onde exerceu o cargo de secretário de gabinete do governador de Timor, entre 1946 e 1948, e chefe dos serviços de Agricultura do governo de Timor, dedicando a este território vários estudos, na área da fitogeografia e da antropologia social, (alguns dos quais publicados pela Junta de Investigação do Ultramar, de que foi investigador). Em 1940, co-dirigiu, com Tomás Kim e José Blanc de Portugal, na primeira série, e com Jorge de Sena, José Blanc de Portugal e José Augusto França, na segunda série, a publicação "Cadernos de Poesia", que sob o lema "Poesia é só uma", apresentava como objectivo "arquivar a actividade da poesia actual sem dependência de escolas ou grupos literários, estéticas ou doutrinas, fórmulas ou programas". Foi nas edições "Cadernos de Poesia" que publicou as suas primeiras obras poéticas: "Nós Não Somos deste Mundo", em 1941 e, no ano seguinte, "Anoitecendo a Vida Recomeça". Entre 1942 e 1943, fundou a revista "Aventura", tendo como redactores Eduardo Freitas da Costa, José Blanc de Portugal, Jorge de Sena e Manuel Braamcamp Sobral. Foi a partir de "O Livro do Nómada Meu Amigo", de 1958, que a presença dos territórios por onde viajou e sobretudo de Timor, se assumiria como "objecto em que se concretiza a aproximação do poeta consigo mesmo e com a vida humana dos outros". Devido ao seu trajecto profissional e a uma personalidade que recusou integrar qualquer tipo de grupos ideológicos ou literários, a poesia de Ruy Cinatti possui uma voz própria, sem comparação com qualquer outra experiência poética contemporânea, nascida de uma liberdade métrica e lexical total, que consegue integrar na obra poética materiais tradicionalmente não poéticos, com uma particular relação com espaços e populações, cuja fragilidade parece condená-los a uma exterminação contra a qual o poeta tinha consciência de não poder lutar, mas que motivou composições de revolta e de grande intensidade emocional, como as de "Timor Amor" ou de "Paisagens Timorenses com Vultos". Foi galardoado com o Prémio Antero de Quental, pela obra "O Livro do Nómada Meu Amigo" e com o prémio Nacional de Poesia, por "Sete Septetos".
Ruy Cinatti faleceu em Lisboa, em 1986.

Obras:
"Nós Não Somos Deste Mundo", 1966;
"Anoitecendo a Vida Recomeça", 1942;
"Poemas Escolhidos", 1951;
"O Livro do Nómada Meu Amigo", 1958;
"Sete Septetos", 1967;
"Crónica Cabo Verdeana", 1967;
"Ossobó",1967;
"O Tédio Recompensado", 1968;
"Borda d'Alma", 1970;
"Uma Sequência Timorense", 1970;
"Memória Descritiva", 1971;
"Conversa de Rotina", 1973;
"Os Poemas do Itinerário Angolano", 1974;
"Cravo Singular", 1974;
"Timor Amor", 1974;
"Paisagens Timorenses com Vultos", 1974;
"O A Fazer, Faz-se", 1976;
"Import Export", 1976;
"Lembranças para S.Tomé e Príncipe", 1972.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde!
Gosto muito de entrar neste blog, embora não tivesse feito comentários. Conhecí este blog pelo estúdio Raposa. Agora não sei que aconteceu com o som. As janelinhas da música e de som estão fechadas com uma cruz vermelha. Não sou capaz de ouvir nada. Alguém sabe o motivo? obrigada e desculpe pelos erros, mas não sou portuguesa.

Anónimo disse...

Gostei desta evocação de Ruy Cinatti, de quem fui amigo (e vizinho...) e cuja saudosa memória mantenho viva.
Obrigado, Inês!

ruialme disse...

No mesmo dia, um ano antes, nasceu outro grande poeta e grande amigo de Cinatti: José Blanc de Portugal.