terça-feira, 27 de março de 2007

Affonso Romano de Sant'Anna

Affonso Romano de Sant'Anna nasceu em Belo Horizonte, no dia 27 de Março de 1937.
Teve uma infância pobre e trabalhou desde cedo para pagar os seus estudos. Filho de pais protestantes, foi educado para ser pastor. Aos 17 anos pregava o evangelho em várias cidades de Minas Gerais, visitava bairros de lata, prisões e hospitais, convivendo com pessoas pobres e sofridas. Essa experiência iria influenciá-lo futuramente nos seus textos e poesias, de forte conteúdo social.
Completou os estudos na Faculdade de Letras de Belo Horizonte, tornando-se bacharel.
Fez parte dos movimentos que transformaram a poesia brasileira, sempre interagindo com grupos de vanguarda e construindo a sua própria linguagem e trajectória. Participou em movimentos políticos e sociais que marcaram o país. Como poeta e cronista, foi considerado pela revista "Imprensa", em 1990, como um dos dez jornalistas formadores de opinião por desempenhar actividades no campo político e social que marcaram o país nos anos 60.
Em 1965 mudou-se para Los Angeles onde, durante dois anos, deu cursos de Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia.
Em 1968 retornou aos Estados Unidos para, durante dois anos, participar como bolsista do International Writing Program, na cidade de Iowa, dedicado a jovens escritores de todo o mundo.
Apresentou na Universidade Federal de Minas Gerais, em 1969, a sua tese de doutoramento "Carlos Drummond de Andrade, o Poeta "Gauche", no Tempo e Espaço", publicada em 1972 e que lhe valeu os quatro prémios mais importantes no universo literário brasileiro.
Entre 1973 e 1976, dirigiu o Departamento de Letras e Artes da PUC/RJ. Para o curso de Pós-Graduação em Letras, realizado em 1976 na PUC/RJ, promoveu a ida ao Brasil de conferencistas internacionais, entre os quais Michel Foucault, sociólogo francês. Houve grande repercussão da visita de Foucault ao país, que se encontrava em pleno regime ditatorial.
Em 1976 voltou aos Estados Unidos para leccionar Literatura Brasileira na Universidade do Texas.
Em 1978 tornou-se professor de Literatura na Universidade de Colónia, na Alemanha.
Leccionou durante dois anos na Universidade Aix-en-Provence, em França, como professor visitante.
Em 1984 assumiu no "Jornal do Brasil" a coluna anteriormente escrita por Carlos Drummond de Andrade.
Em 1990 foi nomeado Presidente da Fundação Biblioteca Nacional (a oitava maior biblioteca do mundo, com mais de oito milhões de volumes), cargo que ocupou até 1996. Informatizou a Biblioteca, criou o Sistema Nacional de Bibliotecas, reunindo 3000 instituições e o PROLER (Programa de Promoção da Leitura), que contou com mais de 30000 voluntários em 300 municípios brasileiros. Lançou a revista "Poesia Sempre", de circulação internacional, e apresentou edições especiais sobre a América Latina, Itália, Portugal, Alemanha, França e Espanha.
Presidiu o Conselho do Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe (CERLALC), no período 1993/1995, e foi também Secretário Geral da Associação das Bibliotecas Nacionais Ibero-Americanas (1995/1996), que reúne 22 instituições.
Cronista do jornal "O Globo", tem também participação em programas na TV Globo.
Proferiu conferências em diversos países, como: México, Dinamarca, Chile, Canadá, Argentina, Portugal, Estados Unidos e Espanha.
Tem obras traduzidas em inglês, francês, alemão, polaco, espanhol e italiano.
Foi agraciado com o Prémio Especial de Marketing — concedido pela Associação Brasileira de Marketing, pelo trabalho realizado na Biblioteca Nacional.
Além deste, recebeu os seguintes prémios:
"Prémio Mário de Andrade" - Com o livro "Drummond, o gauche no tempo."
"Prémio Fundação Cultural do Distrito Federal" - Com o livro "Drummond, o gauche no tempo."
"Prémio União Brasileira de Escritores" - Com o livro "Drummond, o gauche no tempo."
"Prémio Pen-Clube" - Com o livro "O canibalismo amoroso"
"Prémio União Brasileira de Escritores" - Com o livro "Mistérios Gozosos"
"Prémio APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte", pelo conjunto da obra.

Obra:

Poesia:
"Canto e Palavra"- 1965
"Poesia sobre Poesia"- 1975
"A Grande Fala do Índio Guarani"- 1978
"Que País é Este?"- 1980; 1984
"A Catedral de Colónia e Outros Poemas"- 1987
"A Poesia Possível" (poesia reunida) - 1987
"O Lado Esquerdo do Meu Peito"- 1991
"Epitáfio para o século XX" (antologia) - 1997
"Melhores poemas de Affonso Romano de Sant'Anna" - 1998
"A grande fala e Catedral de Colónia" (ed. comemorativa) -1998
"O intervalo amoroso" (antologia) - 1999
"Textamentos" - 1999
"Vestígios" - 2005
"A cegueira e o saber" - 2006

Crónicas:
"A Mulher Madura"- 1986
"O Homem que Conheceu o Amor"- 1988
"A Raiz Quadrada do Absurdo"- 1989
"De Que Ri a Mona Lisa?"- 1991
"Mistérios Gozosos"- 1994
"A vida por viver" - 1997
"Porta de Colégio" (antologia) - 1995
"Nós os que matamos Tim Lopes" - 2002
"Pequenas seduções" - 2002
"Que presente te dar" - 2002
"Antes que elas cresçam" - 2003
"Os homens amam a guerra" - 2003
"Que fazer de Ezra Pound" 2003

Ensaios:
"O Desemprego da Poesia"- 1962
"Drummond, o "gauche" no tempo" - 1990
"Política e Paixão"- 1984
"Análise Estrutural de Romances Brasileiros" - 1989
"Por um novo Conceito de Literatura Brasileira"- 1997
"Música Popular e Moderna Poesia Brasileira" - 1997
"Emeric Marcier "- 1993
"O Canibalismo Amoroso"- 1990
"Paródia Paráfrase & Cia."- 1985
"Como se Faz Literatura"- 1985
"Agosto 1991: Estávamos em Moscovo"- 1991 (com Marina Colasanti)
"O que aprendemos até agora?" - 1984; 1994
"Barroco, alma do Brasil" - 1997
“A sedução da palavra” (ensaio e crónicas) - 2000
“Barroco, do quadrado à elipse” - 2000
“Desconstruir Duchamp” - 2003

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